Alistamento Militar..

Quando se faz 18 anos nesse país, TEM que se alistar no exército.. Mesmo que não queira servir.. O que já é um absurdo.. Mas, o pior mesmo é como tudo acontece..
Essa semana foi minha vez..
Para começar, eles marcaram 6:00. Eu me perguntava: mas para que ser tão cedo assim?
Cheguei lá entendi: porque eles são meio lentos..
Cheguei às 5:40, já tinha (exatamente) 150 pessoas.. Eu fui o 151°..
Às 6:20 um militar chega e fala: quem quiser ir ao banheiro ou à cantina, pode ir..
6:30 um militar colocou um vídeo que falava do exército, marinha e aéronáutica numa tv tão baixa, que só as 50 primeiras pessoas conseguiam ouvir..
6:40 cerca de 20 pessoas foram chamadas (no grito) e encaminharam para um outro local..
Depois, essas 20 pessoas voltaram e por volta das 7:15 chamaram mais 20 pessoas..
8:50 um militar grita um nome que só tem diferente do meu uma preposiçãozinha e o Vinícius.. Sabia que não era eu.. Mas fiquei numa expectativa.. Será que ele falou o nome errado?
Sentado num banco de madeira e sem recosto, sem durmir, eu estava ali, impaciente..
Quando um militar foi chamar o nome de um cidadão que tinha como sobrenome Silva Silva ele falou: Para que dois Silva no nome, rapaz? (É da conta dele?)
Então, às 10:10 foi liberado o primeiro grupo de pessoas (50 cidadãos que estavam ali por obrigação, pois não queriam servir). E até então meu nome não fora chamado..
10:20 fui lanchar, afinal, estava em jejum.. Quem não levou dinheiro não podia fazer o mesmo, pois o lanche não era gratuito.. Na cantina, um cidadão estava comendo seu lanche quando um militar chegou e perguntou: já pagou? O cidadão: já! O militar: então sai!!
10:40 finalmente gritam: Marcos Almeida! Lá vou eu!
Mandaram esperar em outra sala (cerca de 10 minutos dessa vez). Depois um militar fala: quem não quer servir, levante a mão! (eu levantei as duas) O militar disse: essas pessoas que levantaram a mão vão fazer uma fila desse lado e os que querem servir fazem uma fila do outro lado..
Pronto, aí foi só um homem de jaleco (que eu n sei o que era) olhar meus dentes para me mandarem de volta para a primeira sala.
Já esgotado, no meu limite, aguardei até às 11:20, agora com uns 4 militares chamando por nomes, um deles grita Marcos Almeida..
Lá vou eu, mas, e agora? De onde veio a voz que chamou por meu nome?
Fui no que desconfiava que tinha sido, ele disse: Fui eu não! Mas depois ele achou lá e me deu o papel!
Agora era a vez da única mulher que tinha aparecido (tirando as moças da cantina) falar.
Ela fala: fiquem em filas! Não quero risadinhas porque agora não é hora de brincadeira e quero ouvir todo mundo falando em alto e bom som. Vocês terão que ir jurar a bandeira na terça-feira às (algo do tipo 13:30 ou 3:30). Ninguém entendeu. Pediu-se para que ela repetisse. Ela, com ignorância, repetiu da mesma maneira, de um jeito que não dava para entender.
Foi perguntada a terceira e a quarta vez sobre o horário, aí ela respondeu: vocês são tão burros que não sabem que (não deu para entender) é pela tarde? Aí eu deduzi que era 13:30. E falei para os que estavam mais perto de mim: nós não somos burros, você que tem uma PÉSSIMA dicção.

Esse foi um dia muito cansativo, em que eu me senti um inumano (tanto pelas condições do local como pela maneira dos militares tratarem os cidadãos). Eu acredito que não seja necessário esse tipo de tratamento para sabermos o que o país representa para nós.
Muita gente não sabe ter um poderzinho na mão que já se sente superior aos demais. Mas não sabem que somos todos iguais. Embora naquele momento os militares estivessem em uma posição maior, não precisavam mostrar dessa maneira.
E já que temos mais candidatos que vagas na Bahia, não seria mais fácil às 6:00 chamar os que não queriam servir e mandar-nos ir embora?
Somos obrigados a passar por uma humilhação desse tipo? Onde fica a democracia? Acredito que nada deveria ser obrigatório, nem a votação aos nossos políticos..

Isso foi um desabafo!!
Infelizmente é assim que é..